23 de fevereiro de 2007

Rainha do Carnaval

RAINHA DO CARNAVAL


Passar a época confetes-e-serpentina no Rio de Janeiro não é lá um programa de índio. Muitas são as opções de diversão, incluindo as alternativas off-carnaval, um pouco longe dos blocos em massa e confusões gratuitas. Para mim, uma oportunidade única de aproveitar o cinema sete reais mais barato e ver quem é essa senhora que está ameaçando tirar a estatueta da queridinha Meryl Streep - absurdamente maravilhosa em O Diabo Veste Prada e em todos os outros.

O resultado foi um queixo caído ao acender das luzes. Em A Rainha - dirigido por Stephen Frears -, a atriz Helen Mirren, de 61 anos, conseguiu absorver de forma surreal toda a frieza, a ironia e a postura blasé britânica da figura da rainha Elizabeth II. Através da retratação do ocorrido nos bastidores da família real com a morte da Princesa Diana, Mirren transforma um filme aparentemente cansativo em um show de interpretação, prendendo nossos olhares ao da rainha durante os 97 minutos que sucedem o trailler. As passagens com matérias televisivas a respeito de Diana ajudam a explicitar o contraste da reação da população mundial com a reclusão da aristocracia inglesa, confusa na tentativa de mostrar-se indiferente ao acontecimento.

Além de Mirren, a atuação de Michael Sheen no papel de Tony Blair também é digna de ser citada. A presença de Blair no enredo mostra a necessidade da atitude diplomática vinda de um primeiro ministro recém-empossado, tentando equilibrar a tradição monárquica com seus planos governamentais. Seu personagem contribuiu para reforçar ainda mais a idéia da figura decorativa da rainha, porém ainda forte e respeitada.

O Oscar será no próximo domingo e dentre meus favoritos, A Rainha literalmente está presente. Me desculpe Meryl, mas não conseguir mais lembrar do rosto verdadeiro de Elizabeth II sem dúvida merece uma estatueta. *


"O U2 nunca foi bobo nos negócios. Não ficamos o dia inteiro sentados pensando na paz mundial".
Bono Vox, líder da banda irlandesa, cujos integrantes possuem investimento em quinze empresas.



Som do dia: King Of The Free Ride (Kid Abelha e Donavan Frankenreiter)

13 de fevereiro de 2007

Playboy Slim

PLAYBOY SLIM

Saltos, maquiagem, brincos reluzentes pendurados e muita chapinha. Um cenário típico de uma concorrida boate da Zona Sul se não fossem pela grama, pelo concreto e pelos banheiros químicos espalhados ao ar livre.

O visual crossover esteve presente nos cantões do RioCentro, onde locais e estrangeiros - muitos diga-se de passagem - se reuniram na última noite de sábado para assistir ao evento de música eletrônica, que teve como atração principal Norman Cook, o famoso dj inglês conhecido como Fatboy Slim. Figurinha repetida no Brasil, que levou 150 mil pessoas ao Aterro do Flamengo no Nokia Trends em 2004, o declarado amante do país foi o ponto principal da festa, que contou com o set de outros quatro djs brazucas.

Apesar de iniciada com o dj de house Márcio Careca e o internacional Patife mandando seu drum'n'bass, o gramado foi literalmente assassinado quando os vídeos luminosamente divertidos e o som mistureba de Norman Cook tomaram conta do palco. Hits como Praise You e Funk Soul Brother (the Rockafeller Skank) estremeceram o lugar, com uma euforia desconcertante que só aumentou ainda mais o aquecimento global.

Porém, a noite pós-Fatboy Slim, iniciada pelo dj de trance Roger Lyra, trouxe de volta o sentimento de "lar-doce-lar", fora do clima balada-Zona Sul. Fechando a festa em grande estilo, o queridinho - e gatíssimo - dj Gabe do projeto de trance Wrecked Machines brindou o amanhecer de domingo, e a essa hora as sandálias de salto já não resistiam mais. Glamour demais para quem pretendia ficar das dez às sete da manhã mexendo o esqueleto, não é, meninas? Dessa vez não tinham pufes e almofadinhas. *


Som do dia: Here With Me (Static X)

4 de fevereiro de 2007

Pré-Serpentina

PRÉ-SERPENTINA


Avenida das Américas, Barra da Tijuca, sexta-feira. Parado no sinal, o motorista de um carro de luxo preto batuca sorridente e freneticamente o seu tamborim. Não tem como esquecer. Na testa dos cariocas está explicitamente escrito: carnaval. Os ensaios de escolas de samba, a quantidade incontável de blocos e o aumento considerável da diversidade lingüística no Rio reforçam a imagem de confetes e serpentinas caindo do céu ora azul, ora completamente nublado da cidade.

Entre toda essa parafernália anual e de costume, chamou-me a atenção algo até então desconhecido. Com a concentração no Mercadinho São José, em Laranjeiras, o Bloco Imprensa Que Eu Gamo reúne há 12 anos jornalistas - e outros mortais - para se esbaldarem e cantarem sobre assuntos do cotidiano e relacionados ao Jornalismo. Com um público maior a cada ano, a linha editorial do bloco impõe que pelo menos um profissional do ramo deve participar da ala dos compositores dos sambas e a rainha de bateria deve ser igualmente jornalista. São previsíveis conversas sobre o trabalho e o quente da notícia, cervejinha na mão, olheiras, gastrite, mas claro, aquele peito estufado e um sorriso escrachado de orgulho: "eu sou imprensa".

Além do cansaço, minha personalidade anti-social estava no comando no sábado e sabendo que iria encontrar rostos conhecidos - alguns deles indesejáveis -, desisti do programa pré-carnavalesco. Mas, será que o Ronald Villardo apareceu por lá? E aquele meu ex-professor gatinho? Ok, falta de iniciativa jornalística, menos 5 pontos. *

"Me empreste seus olhos azuis para passear".
Do deputado federal Clodovil Hernandez ao repórter Rodrigo Lêdo, do Portal Ig.



Som do dia: Tell Me 'Bout It (Joss Stone)