23 de outubro de 2006

É Proibido Proibir

É PROIBIDO PROIBIR


A música brasileira a cada dia que passa mostra-se mais peculiar. Como amante incondicional da arte musical, mantenho meus ouvidos e meu coração sempre abertos a novas experiências. Friso que abrir-se a novas "culturas" não significa admirá-las.

Nesse fim de semana, fui apresentada a um senhor, que anda fazendo inúmeros shows pelo Rio de Janeiro, conhecido pelo nome de Mr. Catra. Meu conhecimento sobre o artista era mínimo, até porque ele não faz parte do estilo musical apreciado pela que vos escreve. O cantor de funk foi uma das coisas mais baixas e ridículas que já passaram pelo meu ouvido, e admirou-me a sua versão para Tarde Em Itapoã (Toquinho/Vinícius de Moraes).

O impressionante é que tal artista - que tem suas produções classificadas no gênero chamado de funk proibidão (mas é óbvio) - está tocando em tudo o que é lugar na noite carioca. Ele virou hype! Catra, que segue uma linha "literária" específica em suas músicas - diga-se predominantemente sexual - é o retrato de uma mídia injusta em que, basta falar qualquer porcaria e colocar uma batida no fundo para fazer sucesso.

Confesso uma crise de riso incontrolável ao escutar certas "composições". Mas, é rir para não chorar. Gostaria que as bandas que eu gosto fizessem tanto sucesso quanto ele...


"Se se cometeu um crime eleitoral, eu e qualquer outro cidadão comum deste país temos que pagar pelo crime que cometemos".
Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Folha de S. Paulo



Som do dia: Scratch Your Name (The Noisettes)

17 de outubro de 2006

Comédia Iceberg

COMÉDIA ICEBERG



As críticas da mídia estavam sendo negativas. Algumas opiniões, totalmente divergentes. Na sala de exibição, muitas risadas - masculinas. Felizmente, paguei mais barato pela sessão no Palácio, antigo cinema de rua, longe do assalto dos shoppings.

O filme faz jus ao nome. Muito Gelo e Dois Dedos D'água. Uma comédia gelada, apelativa e insossa em mais de 50% de suas passagens. Daniel Filho, agraciado pelo maravilhoso Se Eu Fosse Você, de 2005, foi um tanto quanto decepcionante nessa nova produção. Focando a história de duas rebeldes irmãs, que resolvem vingar-se da avó - que na infância torturava-as com suas imposições -, o filme se salva por algumas cenas feitas em animação e pela presença de Mariana Ximenes, que mostra mais uma vez que é capaz de se adequar a qualquer papel.

Como um amigo me disse, "não se pode esperar muito do cinema brasileiro". Na verdade, nossa produção cinematográfica é uma caixinha de surpresas. Claro, com bundas e seios a saltarem das telas, nossa principal característica ao longo de todos esses anos de mídia. Se você costuma ser imune à grande parte das piadas - assim como a que vos escreve -, mate a curiosidade com o DVD. Se não, vá ver nos cinemas. É tão ridículo que pode te divertir.


"Clodovil é uma pessoa muito educada, elegante, fina".
Aldo Rebelo, presidente da Câmara dos Deputados

"Eu sou feito cachorro, é só passar a mão que abano o rabo".
Clodovil, deputado federal eleito, sobre os elogios de Rebelo



Som do dia: Tears And Rain (James Blunt)

13 de outubro de 2006

Velha Infância

VELHA INFÂNCIA


Manhã de feriado. Ressaca da noite anterior, muita dor de cabeça. Esta triplica quando a trilha sonora do seu despertar é o clássico Txutxucão da tia Xuxa, a rainha dos baixinhos. A ficha cai: é dia das crianças.

Crianças são a alegria de um lugar. Sim, com elas tudo é mais florido. Contudo, ataque de crianças em massa modifica radicalmente a minha opinião. E é fato: no dia 12 de outubro, não importa aonde você vá, existe sempre um discípulo do Txutxucão.

Conduzi-me ao silêncio das salas de exposições, e após a interessantíssima "Do Jornal à pintura", do Luciano Figueiredo, no Paço Imperial - que merece destaque pelo exótico trabalho artístico que se pode fazer com papel jornal -, brindei o "dia das crianças" entre cerveja e política, casadinho do momento, que faz emergir a nostálgica lembrança de quando não era preciso votar. Feliz sem saber.

Ao olhar no espelho, não existe mais aquela barriguinha de antigamente, não existe mais o Tivoly Park e as chances de ganhar presentinhos nesse dia diminuem a cada ano. Contudo, fico feliz por minha infância ter tido uma cultura musical mais rica. Preocupa-me a "evolução" musical do Txutxucão que meus filhos irão escutar.

"Lula tenta repetir Júlio César, mas não consegue, porque teria que reformular a frase célebre, dizendo: 'Até tu, quem?'"
Fernando Gabeira, sobre as declarações de Lula de que "não interessa se foi A, B ou C" que lhe deu uma "facada nas costas".



Som do dia: I'm Not My Hair (India Arie feat. Akon)

5 de outubro de 2006

E Agora, Brasil?

E AGORA, BRASIL?


Domingo, dez e meia da manhã. Deputados Federal e Estadual: um espaço vazio. "Mãe, em quem eu voto?", tanta era a relevância desse dia. O vento gelado no Rio de Janeiro ajudava a sujar ainda mais a cidade maravilhosamente poluída, que se transformou em um mar de rostos cínicos e nojentos.

O resultado não foi do jeito que eu queria. Muito longe disto. Mas pelo menos, agora ele vai ter que falar!

Pois é Brasil, quem você escolhe? O sapo ou o chuchu? Ou iremos para o brejo, ou tudo ficará aguado de vez. Ou não. Afinal, a esperança é a última que morre.


"Isso não é celulite. É gostosa em braile".
Anônima



Som do dia: Labios Compartidos (Maná)