26 de novembro de 2006

Consciência de quê?

CONSCIÊNCIA DE QUÊ?


Semana de comemoração do Dia de Zumbi dos Palmares - o Dia da Consciência Negra. Ao participar dos eventos da data é possível perceber que, apesar da grandeza cultural, o que existe mesmo é um "marketing pesado em cima da herança deixada pela escravidão", assim como me disse uma jovem afro-descendente.

A única semana do ano em que ser negro é status, em que penteados afro são estilosos e não sujos, em que a dança e adereços étnicos não são coisa de macumbeiro. Muito pelo contrário. Moças de cabelos lisos querem endurecê-los, a negra não fede e desfilar com uma é sinônimo de avanço cultural e todos querem mexer sensualmente os quadris, identificando-se com a música difundida pelas senzalas.

A culpa desse quadro é em grande parte nossa, afro-brasileiros, que insistimos em nos colocar na condição de "coitadinhos" da história do país. Ao invés de assumirmos nossa identidade, de nos aceitarmos e de enfrentarmos o preconceito com a cabeça erguida, insistimos em perpetuar nosso discurso de que queremos direitos, queremos respeito, queremos igualdade e poucos de nós fazem algo por isso de forma realmente consciente, sem ser por interesses políticos. Todo 20 de novembro é igual. Nós "queremos", "exigimos", mas durante o ano todo somos apenas aqueles que alisam seus cabelos e abominam suas expressões culturais, tratando a sua própria cultura de maneira pejorativa.

Ainda temos vergonha dessa cor, vergonha de ter Zumbi como ícone e nos escondemos em falsos discursos moralistas de que o problema é só do governo e da sociedade branca. Por isso, no mês de novembro não somente "celebramos" nossa negritude, como também abrimos os olhos e vemos que nesse país, qualquer outra etnia consegue ser mais negra do que nós mesmos.


"Se eu quisesse ir embora, dava 10 reais para eles. São todos mortos de fome mesmo".
A cantora de funk Tati Quebra-Barraco, em ofensa aos policiais que a pegaram dirigindo seu Citroën Picasso sem habilitação.



Dica: Um judeu cantando reggae, Matisyahu - nascido na Pensilvânia - virou sucesso mundial do gênero. Merece ser som do dia.


Som do dia: Time Of Your Song (Matisyahu)

16 de novembro de 2006

No Espaço

NO ESPAÇO


No Brasil ainda vivemos a ditadura e a lavagem cerebral do orkut. Contudo, estamos começando a acordar. Começam a aumentar os burburinhos a respeito de outro sucesso internacional, o My Space.

Assim como a telinha de cor lavanda, o domínio possibilita a criação de uma rede de amigos e participação em comunidades. Apresenta algumas cruciais diferenças como poder trocar o layout quando se cansar dele, publicar vídeos, utilizar uma música de fundo e ter um slide para as fotografias e, claro, não precisar aturar aqueles spams incovenientes e aquela fofoca toda presente em terras orkutianas.

Deve-se reconhecer que o My Space tem maior utilidade para os amantes da música. É possível conhecer um grande número de novos artistas - além de acessar o material dos mais famosos -, já que em sua maioria, a cultura musical está em peso no "criador de espaços". Por ser bem mais cheio de frescurites, torna-se mais difícil fazer os ajustes iniciais, porém, isso muda com o tempo de utilização.

Esse acabou virando um post-propaganda - gratuito -, mas como uma "music addicted" enjoada do "te adiciono no Orkut" tento convencer as pessoas a criarem seus novos espaços. Não poderia deixar vocês, amigos leitores, de fora.

Para criar: www.myspace.com
Meu espaço: www.myspace.com/milennah



"Não quero namorá-lo. Quero sexo mesmo".
Hebe Camargo, em entrevista a Marília Gabriela, referindo-se ao cantor Roberto Carlos.



Dica: Mais um queridinho. Os Infiltrados, com os lindões do Mark Wahlberg, Leonardo DiCaprio, Matt Damon - e claro Jack Nicholson - tem um roteiro muito bem bolado e atuações ovacionais. O filme de Martin Scorsese possui uma trama impecável e mostra porque Nicholson é Nicholson e pode mostrar seu órgão genital na telona.



Som do dia: Dreams (TV On The Radio)

10 de novembro de 2006

Terceiro Mundo Sim, Mas Globalizado

TERCEIRO MUNDO SIM, MAS GLOBALIZADO


Bairro da Tijuca, início da tarde. O ponto de ônibus está lotado. Todos debaixo de um sol escaldante, aguardando ansiosamente pelos seus respectivos transportes.

Eis que caminha em direção ao ponto um senhor, negro, desdentado, com as roupas rasgadas e os pés descalços. O cambaleante indivíduo pára em frente a uma jovem e pergunta: "Do you speak English"? Uma sonoridade distorcida, provocada provavelmente por um alto teor de álcool no sangue, ou pela falta de conhecimento da pronúncia correta.

A jovem, séria e desconfiada, responde que não, apesar de ter entendido a pergunta. Indignado com a resposta, o senhor protesta: "Pô, mas ninguém sabe falar inglês nessa merda de país"! Repentinamente, volta a sorrir e diz: "My name is Jorge", mostrando alegremente sua bocarra com lacunas vazias.

Decepcionado com a falta de atenção dos demais, Jorge continua a andar, tropeçando em seus próprios pés e olhando a paisagem ao redor. Moral da história: O Brasil é um país tão globalizadamente chique que deputados usam bolsa Louis Vuitton e os mendigos falam inglês.

"Se o Clodovil tivesse recebido ajuda, não estaria vivendo a revolta que vive hoje".
O pastor e deputado Édino Fonseca, que apresentou projeto de lei propondo assistência psicológica a quem abandonasse o homossexualismo.



Dica imperdível: Jogos Mortais 3 - Pra quem acompanha a saga de Jigsaw, o terceiro filme da série é um programa e tanto. Com cenas de mortes "caprichadíssimas" e desfechos surpreendentes, a produção está entre as melhores do ano. Esticadinha para uma discussão pós-filme no bar é inevitável.



Som do dia: Grãos (Cof Damu)

2 de novembro de 2006

Brasileirinha

BRASILEIRINHA


"Nossa, que revista grossa", pensei ao ver o exemplar de uma amiga. Ops! Estávamos no mês de outubro. Catei R$ 8,90 das sobras do salário - guardadas com muito esforço mental - e corri para uma banca de jornal.

Ela passou em várias mãos, curiosas, cheias de expectativa. Ciumenta, grafei meu nome na capa, com uma bic azul, próximo à foto da top top Gisele Bündchen. É minha e irei mostrá-la para minhas futuras gerações: a mamãe tem o primeiro exemplar oficial da Rolling Stone Brasil.

Após uma tentativa na década de 70, que durou 36 edições, a conceituada revista norte-americana - referência de cultura pop - abrasileirou-se novamente, apresentando matérias sobre comportamento, moda, política e claro, transbordando música em suas páginas. Letras pequenas, textos grandes, essa faz jus a sua periodicidade - e ao seu preço: dura o mês inteiro.

Se vai dar certo? No Brasil tudo é duvidoso. Apesar da possível previsibilidade, não se sabe nem o que acontecerá durante esses quatro anos de "companheiros". Mas, tentar não custa nada. Ok, às vezes custa sim.


"Se deixarem um pedaço de carne na rua, no jardim ou no parque e os gatos o comerem, de quem será a culpa? Dos gatos ou da carne?"
Taj el Din al Hilali, líder muçulmano, culpando as mulheres estupradas por não usarem o véu.



Som do dia: Jogos Amorosos (Benflos)